quinta-feira, 9 de agosto de 2007

OS PAIS QUE PRECISAMOS CONVERSAR NÃO APARECEM NA REUNIÃO!


Trabalho como Psicólogo escolar. E certa vez ouvi de uma professora a frase acima. Você também já deve ter ouvido isso, seja como aluno, como pai, como mãe ou como aluno.
Qual seria a base da questão que afasta pais e professores, já que ambos os lados se interessam pelo melhor da criança/ adolescente?
Penso que um dos grandes problemas nas escolas seja a comunicação: A comunicação entre Supervisor e Diretor, entre Diretor e Coordenador, entre Coordenador e Professores, entre Professores e Professores e entre Professores e alunos, entre alunos e outros alunos e daí para diante!
As pessoas tem o péssimo hábito de recorrer à comunicação direta somente em último caso, e na escola, não é diferente.
As reuniões de professores, também chamadas de HTPCs (Horário Trabalho Pedagógico Coletivo, não raramente são informes ou momentos nos quais os professores aproveitam para reclamar dos alunos. Só que apenas reclamar de nada adianta. Torna-se chato e cansativo, quando não, momento nos quais o professor divaga: está presente de corpo e sua mente está em outro lugar, igualzinho àquele aluno que não consegue prestar atenção na aula.
Se a reunião é entre Pais e Mestres (como assim era chamada), além de reclamações os pais ouvem advertência sobre suas posturas, sobre o comportamento vexatório e impróprio do filho. Cá entre nós: você voltaria na escola para ouvir novas reclamações? Os pais (como aliás, todo ser humano) tem no filho parte do seu narcisismo, e ter esse filho atacado/ apontado ou destacando-se negativamente, é esse mesmo narcisismo que é atacado, ou ainda em outras palavras: é como se o pai/mãe/ responsável ouvisse do professor: “VOCÊ É UM INCAPAZ, É UM FRACASSADO PORQUE SEU FILHO SÓ DÁ TRABALHO”.
Entre alunos a coisa não muda. Certa vez vi um grupo de alunos querendo comemorar o Dia das Bruxas. Um outro grupo achava que deveria se comemorar o Dia do Saci (numa alusão ao folclore brasileiro ao invés do britânico/ americano). A marca maior foi de um grupo de alunos evangélicos que rompeu com esse outro grupo de alunos, recusando-se a fazerem tarefas juntos, sentarem juntos ou conversarem. Em suma: é preciso para que o dialogo aconteça e se estabeleça na escola como política educacional urgente!
Por dialogo entenda-se um momento no qual as diferenças sejam conhecidas, expressadas, discutidas e quiçá, respeitadas. Não podemos, entretanto, cair na tentação de se idealizar a escola como espaço perfeito.
Mas pode-se melhorar esse espaço. Desde o tom da fala, a escolha das palavras, o momento na qual a mensagem é dirigida, a coesão da mensagem, enfim, tudo isso faz parte da comunicação humana. Em uma outra escola ouvi certa vez: “Calem a boca, não conseguem fazer nada sem gritar?” – a frase era do professor. Será que ele se deu conta do quão contraditória era sua fala?
Porém principalmente: é preciso garantir um local de escuta, acolhimento e de expressão dos conflitos e crises que estão presentes em todos os relacionamentos humanos. E para isso, aposto numa interface entre Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, afinal, todas elas lidam com o ser humano.


Ψ José Carlos da Costa Ψ – psicólogo de orientação psicanalítica Orientação Profissional e Educacional
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