quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

EDUCAÇÃO SEXUAL


Em matéria publicada no Jornal “Folha de São Paulo” datada aos sete dias do mês de fevereiro, vejo que o Governo Federal pretende distribuir para estudantes cartilhas sobre Educação Sexual com foco preventivo na AIDS? DST (doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência) e aumentar a distribuição de camisinhas nas escolas públicas.
Bem, vi com certo desânimo tais iniciativas. Penso que mais uma vez que a proposta de mudança de comportamento sobre a vida sexual tem um processo de mudança lento e bastante complexo.


Não podemos ter esperança de ver nossos cidadãos sendo educados por cartilhas se os professores não forem preparados. E aí mora outra grande questão: “por quê somente os professores?” Estamos terceirizando a educação e impedindo que a mesma se efetue num plano global, abrangendo família, estudante e comunidade. Os pais, os avos, os tios, enfim, todos que fazem parte da rede social devem ser instruídos para que mudanças tão complexas sejam iniciadas.


Em outras palavras, é no campo subjetivo (ou na forma de se pensar sobre o mundo) que as mudanças se formam. De nada adianta cartilhas e camisinhas se o Erótico não for respeitado e valorizado. Por erótico entenda-se a forma que Jung (psicólogo suíço) o compreende:

Jung denomina o amor de função transcendente, aspecto do processo de individuação que supera opostos irreconciliáveis. Ao propor o amor como elo de ligação entre Razão e Emoção, Eros (o amor) atua como a força que nos move e nos impulsiona a uma nova forma de se realizar e de se vivenciar a vida: a de produzirmos e a de integramos nossa compreensão sobre nós mesmos e sobre o outro.


Contardo Calligaris (psicanalista e colunista do Jornal Folha de São Paulo” alerta constantemente para o fato de estamos banalizando todos os aspectos importantes da cultura e dentre eles, o sexo, importantíssimo para a vida de qualquer pessoa.


Ainda temos piadas de cunho machista, sexista, homofóbicas, aprisionando, homens, mulheres, crianças, adolescentes, adultos, homossexuais, heterossexuais, , bissexuais e transexuais, pobres e ricos em papeis rígidos e antiquados que não condizem com a plasticidade dos desejos humanos. E como causam sofrimento!!! Como temos ainda homens que duvidosos de suas próprias sexualidades ainda espancam e estupram homossexuais e mulheres para provarem o seu conceito rígido e absolutamente frágil do que é ser homem.


Como novelas ainda mostram mulheres histéricas que necessitam de homens (e somente de homens) para dar sentido às suas vidas. Como reallity shows ainda mostram bobalhões cheios de anabolizantes preocupados em chocar e se mostrarem “machos” (questão: ser macho ou ser homem?) e políticos de situações complicadas como os famosos deputados eleitos que soltaram tempos atrás perolas como “estupra, mas não mata” e outro que mesmo sendo publicamente homossexual se declarar contra os projetos de união civil, mostrando claramente sua ignorância e arbitrariedade populista.


Como podemos ver, estamos ainda há muitos passos para uma mudança efetiva na vida e na compreensão da sexualidade, que como Freud já avisa quase 100 anos atrás: “não deve ser confundida com a mera junção dos genitais”.


O grande prazer da vida se estende para muitas áreas e em todas as manifestações de prazer reconectamos Eros e a possibilidade de nos transformarmos. E o amor não precisa de moralismos, leis, punições e de cartilhas, mas sim ser experimentado e vivenciado.

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